Com o foco nas eleições de 2018, os partidos apostaram na mudança de nome. A estratégia foi se distanciar da palavra “partido” e apresentar palavras que correspondem aos anseios da população. Alguns representantes partidários acreditam que a intenção também é se apresentar como uma nova alternativa, diante da atual crise política, para assim se aproximar dos eleitores. Centro Democrático, Progressistas, Patriotas, MDB, Livres, Democracia Cristã e Avante estão entre os que mudaram a nomenclatura.
A mudança de nome é vista com dúvida por especialistas, pois acreditam que a ideia tem objetivos pessoais dos dirigentes para realizar mudanças internas dentro das legendas. O cientista político, Ítalo Fittipaldi, alegou que a troca não acarreta em nenhuma implicação eleitoral e que, em sua opinião, não muda nada.
“A mudança de nome serve para talvez acomodar algum interesse muito particular que não tem nada a ver com a estratégia de campanha ou de plataforma política. Me parece uma questão de conveniência para abrir brecha para mudanças de filiações, tipo um jogo de dança das cadeiras. Não tem nada com questão de ideologia, mais com burocracia dos próprios partidos”, explicou o especialista.
Apesar de reconhecerem que a mudança poderá ajudar nas urnas durante as eleições, muitos presidentes de partidos não confirmam que a troca é focada no pleito. Considerado um dos partidos que mais cresce na Paraíba e que se destacou nas últimas eleições municipais, o PTN em 2017 virou Podemos sob o comando do deputado estadual Janduhy Carneiro. O parlamentar concordou com a mudança e afirma que o nome tem sido bem aceito pelo povo e pelos filiados. Ele disse ainda que o objetivo foi fortalecer a legenda.
“Nós temos a missão de apresentar propostas e nomes para que o eleitor aceite e conheça. O objetivo de mudar vai fortalecer a legenda e não tenho dúvida de que nossa agremiação está mais conhecida, pois antes eram muitas letras”, justificou Janduhy Carneiro. Ele acrescentou que a escolha do nome veio do desejo da população de fazer parte do processo político e foi inspirado no slogan de Barack Obama na campanha em 2008: yes, we can (sim, podemos).
Recém chegado no comando do Livres, antigo PSL, o vereador de João Pessoa, Lucas de Brito, acredita que a troa foi positiva para o partido, pois representa um movimento orgânico de renovação da própria legenda. “É uma mudança estrutural e não uma estratégia eleitoral. Antes de acontecer uma deliberação de cúpula por mudança, o movimento vem ganhando espaço e inclusive mudanças no comando dos diretórios estaduais”, disse Lucas de Brito.
O parlamentar disse ainda que a juventude do partido está assumindo o protagonismo e isso passa pelo resgate da ideologia liberal da agremiação, por isso o nome Livres. “É um movimento de baixo para cima e não um oportunismo da mudança da cúpula da sigla. É para renovação”, destacou.
No DEM, o processo de mudança de nome está avançada. Segundo o deputado federal, Efraim Filho, a alteração estatutária visa também a reposicionar o partido no espectro ideológico.
“O que se vê é um discurso polarizado. O deputado Jair Bolsonaro representa uma extrema direita. O ex-presidente Lula, a esquerda e fica essa lacuna no centro a ser preenchida e que pode ser preenchida por nós”, avalia o parlamentar.
Contraditório
Um estudo realizado pelo PMDB levou a legenda a resgatar as origens e voltar a ser MDB, como na época da ditadura, em que fazia oposição ao Regime Militar. Na Paraíba, o presidente estadual do partido, senador José Maranhão, se colocou contrário a mudança da sigla. “Os argumentos de que o PMDB deveria se livrar da sua sigla porque tinha sido gerado durante uma decisão no golpe de 1964, não convence.”, explicou o senador.
Assim como o PMDB, o nome MDB e todos os partidos surgiram em plena vigência do regime autoritário. Foi esse regime que criou o MDB e Arena, um que seria de oposição e o outro do governo. O MDB vem cumprindo esse papel e não é a mudança de nome que vai modificar a forma de atuação do partido. Essa é minha posição pessoal e política”, disse o senador José Maranhão.
Alexandre Kito do Correio da Paraíba