Estudo de professor da UFCG analisa a dinâmica da violência homicida, suas implicações socioeconômicas e institucionais

Um artigo sobre um estudo da violência por meio de homicídios no Nordeste brasileiro de autoria do professor José Maria Pereira da Nóbrega Júnior, do Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido da UFCG, foi publicado no periódico científico Dilemas – Revista de Estudos de Conflito e Controle Social (Volume 10, número 3 de 2017).

“Os homicídios no Nordeste brasileiro crescem de forma linear e contínua desde o início da década de 1980”, destaca o autor no artigo ‘Violência homicida no Nordeste brasileiro: Dinâmica dos números e possibilidades causais’, no qual analisa a dinâmica da violência homicida, suas implicações socioeconômicas e institucionais, com o objetivo de avaliar algumas possibilidades causais entre desigualdade e pobreza, o desempenho econômico e o papel das instituições coercitivas na relação com os homicídios na região. “Para isso, foi utilizado o método estatístico descritivo e o teste de variáveis independentes no intuito de testar algumas hipóteses que tiveram como base a literatura especializada”.

O pesquisador informa como conclusão no estudo que os homicídios atingem vítimas pobres, negras, jovens, do sexo masculino e que possuem baixo nível de renda. “O teste de hipóteses nos forneceu duas respostas: primeiro, melhorar os níveis de empregabilidade é fator importante, além da melhoria da renda. As taxas de desemprego crescentes têm impacto positivo na criminalidade, com o nível de desenvolvimento humano apresentando fraca correlação estatística com a violência homicida”.

“Apesar do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ser um indicador complexo que congrega variáveis de renda, longevidade e escolaridade, seu efeito no modelo foi insatisfatório. Quando observamos a evolução deste indicador no tempo, em análises de séries temporais, sua melhora foi enfática, mas não acompanhou a redução da violência, sobretudo a medida pelos homicídios na região Nordeste”, disse Nóbrega.

“Segundo, o esforço efetuado pelos estados no controle dos homicídios com os gastos em segurança pública e o efetivo policial se mostraram moderadamente correlacionados com a violência homicida. As prisões, apesar de apresentar correlação estatística, demonstraram fragilidade como instrumento de controle. Isso nos faz refletir sobre o papel desse dispositivo como mecanismo de controle do crime e da violência, pois a prisão desenfreada está tendo efeito pífio no controle da criminalidade”.

“Os testes estatísticos empreendidos demonstram a necessidade de acompanhamento contínuo do operador da política pública. Demonstrando que o monitoramento constante de indicadores socioeconômicos e institucionais deve ser tarefa cotidiana da gestão pública da segurança, buscando servir como importante subsídio na hora de tomar decisões”, disse.

A revista Dilemas é dedicada a promover o desenvolvimento científico e o debate de ideias nos temas da área de estudos dos conflitos e do controle social em ciências sociais, como comportamentos desviantes, violências, crime, moralidade, conflitos envolvendo movimentos sociais e ação coletiva, conflitos urbanos, justiça criminal, segurança pública, instituições públicas e privadas de controle social.

O professor José Maria Pereira da Nóbrega Júnior além de professor Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido (CDSA) da Universidade Federal de Campina Grande, atua no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política (PPGCP) da UFCG e no Mestrado Profissional em Administração Pública em Rede (Profiap). Ele é coordenador do Núcleo de Estudos da Violência (Nevu) da UFCG e pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (INCT-InEAC). Possui doutorado e mestrado em Ciência Política.

Acesse o artigo no endereço: //revistas.ufrj.br/index.php/dilemas/article/view/14563/9823

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Rosenato Barreto – Assimp CDSA/UFCG