O Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido da Universidade Federal de Campina Grande realizou na noite da quarta-feira, 25 de abril, no Ginásio de Esportes de Sumé, a solenidade de Colação de Grau do semestre 2017.2 de 61 estudantes dos cursos de Licenciatura em Ciências Sociais, Licenciatura em Educação do Campo, Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos, Engenharia de Biossistemas, Engenharia de Produção, Superior de Tecnologia em Agroecologia e Superior de Tecnologia em Gestão Pública.
A mesa solene foi composta pelo pró-reitor de Ensino, Alarcon Agra do Ó (representando o reitor da UFCG, Vicemário Simões), o diretor do CDSA, José Vanderlan Leite de Oliveira; o vice-diretor do CDSA, Hugo Morais de Alcântara; a representante da Coordenação Administrativa da Unidade Acadêmica de Tecnologia do Desenvolvimento, Joelma Sales dos Santos; o coordenador administrativo da Unidade Acadêmica de Educação do Campo, Faustino Teatino Cavalcante Neto; a coordenadora administrativa da Unidade Acadêmica de Engenharia de Produção, Cecir Barbosa de Almeida Farias; o coordenador administrativo da Unidade Acadêmica de Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos, Franklin Ferreira de Farias Nobrega; a representante do coordenador administrativo da Unidade Acadêmica de Ciências Sociais, Wallace Gomes Ferreira de Souza, e coordenadora do Curso de Ciências Sociais, Sheylla de Kássia Silva Galvão; o coordenador administrativo da Unidade Acadêmica de Gestão Pública, José Maria Pereira da Nóbrega Junior; a coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia, Carina Seixas Mala Dornelas; o coordenador do Curso de Engenharia de Biossistemas, Ranoel José de Sousa Goncalves; o coordenador do Curso Interdisciplinar em Educação do Campo, Isaac Alexandre da Silva; o coordenador do Curso de Engenharia de Produção, Daniel Oliveira de Farias; a coordenadora do Curso de Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos, Ana Verônica Silva do Nascimento; o coordenador do Curso de Gestão Pública, Gilvan Dias de Lima Filho; e o Paraninfo Geral das turmas concluintes do período 2017.2, Daniel Duarte Pereira, homenageado na ocasião.
Proferiram o juramento os seguintes formandos: Eleordano Bruno de Medeiros Soares (Licenciatura em Ciências Sociais), Grace Kelly de Assis Silva (Licenciatura em Educação do Campo), Catarina Buson de Oliveira Muniz (Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos), Fabiano da Silva Araújo (Engenharia de Biossistemas), Alandson de Lacerda Tavares (Engenharia de Produção), Iracy Amélia Pereira Lopes (Tecnologia em Agroecologia) e Camila Veras Bezerra Feitosa (Tecnologia em Gestão Pública), proferirão o juramento, representando os demais concluintes dos seus respectivos cursos.
Receberam grau em nome dos seus colegas de cursos, os formandos Aline Gonçalves de Sousa (Licenciatura em Ciências Sociais), Naiara da Silva Henrique (Licenciatura em Educação do Campo), Jaqueline Siqueira Nunes (Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos), Fabiano da Silva Araújo (Engenharia de Biossistemas), Josean da Silva Lima Junior (Engenharia de Produção), Iracema de Azevedo Monte Paiva (Tecnologia em Agroecologia) e Iarley Douglas Siqueira Macedo (Tecnologia em Gestão Pública). A aluna Elizandra Sarana Lucena Barbosa fará o discurso em nome dos alunos.
A solenidade teve participação da Filarmônica Municipal Maestro Antônio Josué de Lima que fez uma apresentação em homenagem aos formandos sob regência do maestro Diego Bruno de Souza e também do músico Alysson Eryke Ferreira da Silva que fez a execução do Hino Nacional Brasileiro.
O vice-diretor do CDSA, Hugo Morais de Alcântara, fez uma saudação ao Paraninfo Geral, Daniel Duarte Pereira, apresentando seu currículo e em seguida fez a entrega do registro da homenagem pela sua contribuição na criação e consolidação do Campus de Sumé.
Discursos
O diretor
O diretor do CDSA, José Vanderlan Leite de Oliveira abriu a sua saudação aos formandos dizendo: “É sempre uma honra para todos nós que fazemos parte do CDSA de reservar esse pequeno tempo para a outorga do grau de bacharéis, licenciados ou tecnólogos, pois esse momento representa o coroamento, a síntese de todo o período que eles passaram e conviveram aqui conosco”.
Na lógica tradicional a escolha de uma profissão se dá com a certeza de ganhar um bom salário, ou seja, muito dinheiro. Isso e sinônimo de carro e apartamento de luxo, e a família orgulhosa de seu filho querido vindo a conquistar o tão desejado sucesso. Essa é a dinâmica reproduzida nas classes abastardas da elite nacional e a classe média alta, esta que nos dias atuais se considera também elite.
Sobre a escolha da profissão falou: “… A escolha que devemos fazer devera seguir o padrão que vai nos colocar em uma posição de destaque, de forma que estamos sempre a reproduzir os costumes de uma classe, onde para se tornar um vencedor, seus indivíduos são medidos pelas conquistas materiais. Você vira o filho mais querido, o que dá orgulho aos pais, aquele que melhor alcançou o sucesso”.
“Chamo a atenção para o nosso papel diante dos desafios da realidade brasileira, que é socialmente injusta, de uma sociedade individualista e de uma desigualdade de renda brutal entre os diversos setores. Temos de ter esse sentimento muito aceso dentro da gente, para que essas injustiças e desigualdades diminuam progressivamente e se anulem ao longo do tempo, e com isso, podermos conviver em uma sociedade mais humana e igualitária”.
“Vamos imaginar uma pessoa que conclui um curso de graduação pelo dinheiro e não por vocação profissional. Que tipo de profissional a sociedade estará recebendo e que exercício da profissão ou função pública esse profissional irá exercer. É preciso de clareza para perceber que estamos concluindo e, concomitantemente sempre começando uma nova etapa, e que essa nova etapa também vai nos exigir dedicação, estudos, consciência do nosso papel na sociedade, ate porque a aprendizagem e um processo contínuo. Hoje vocês devem buscar despertar a consciência, da responsabilidade e do mestre que tem dentro de si, procurando a união do material com o espiritual, de forma a se complementar no exercício profissional e como pessoa humana”.
“Chamo a atenção para os momentos negros e estranhos que estamos atravessando onde as instituições públicas estão sofrendo ataques de toda a natureza, principalmente a Universidade, por isso, é extremamente importante que a sociedade Sumeense e Caririzeira defenda o CDSA, um Campus da UFCG, que recebe seu nome – Campus de Sumé. As instituições públicas tem que se unirem na defesa da Universidade Pública na prestação de uma educação de qualidade. Sem esse Campus, talvez algum de vocês que hoje recebe o seu diploma não pudessem estar aqui”.
Finalizando, disse: “Para reacender o espírito de cada um, que antes de receber o diploma e encher o peito baseando-se na famosa frase da meritocracia, eu venci, entender também que alguns trabalharam e financiaram a sua formação profissional e que você adiante tem que retribuir a sociedade por esse investimento”.
“Desejo a todos que sejam bem felizes na profissão escolhida e que tenham seus desejos realizados. Parabéns aos formandos, aos familiares, professores, técnicos administrativos, servidores terceirizados e a sociedade brasileira por mais essa conquista”, finalizou.
A oradora
“Antes de tudo, dizer que o sentimento que prevalece nesse momento é gratidão! É momento de agradecer a todas as forças que nos sustentaram ate aqui. Independente de religião, crença e fé. Hoje, devemos agradecer ao universo, as energias positivas e a Deus por todo amadurecimento e crescimento durante esses anos de graduação.
Hoje, sem dúvidas, é um dia extremamente importante para todos nos formandos, para nossas famílias, para os nossos amigos que compartilham da nossa felicidade e que nos ajudaram a construir cada etapa desses anos vividos durante a graduação! Hoje, foi um dia muito esperado, e quase como a chegada de um filho (acho que cada um aqui já é pai e mãe. Mas, calma! Somos pais e mães dos nossos filhos que tem o mesmo nome: TCC). Hoje, é o final de mais um ciclo e o início de novos sonhos, novas construções, novos voos, novas histórias e novas pessoas.
Estou segura de que esses e outros questionamentos fizeram e fazem parte do dia a dia de cada um de nós! Sempre achamos que entrar na universidade é algo bem difícil, seja por se preparar para o vestibular, seja por decidir qual curso fazer. No entanto, constatamos que o difícil mesmo é permanecer nesse lugar chamado: Universidade. Existe uma série de fatores que nos fazem ter medo de tentar coisas novas. Mas, será que temos medo de tentar ou de não conseguir? Pode ser medo das duas coisas. Hoje, temos uma única certeza: nós tentamos e conseguimos. Chegamos ao final de mais um sonho que nos leva ao inicio de tantos outros.
Cada um teve uma trajetória no meio acadêmico, aqueles que se dedicaram menos e que no final do período iam correr atrás do prejuízo. Aqueles que diziam que não estudavam para as provas, mas que sempre tiravam as melhores notas. Aqueles que choravam, sofriam e pensavam diversas vezes em desistir. Aqueles mais calados, outros mais falantes … Ah! Existe de tudo um pouco nesse mundo universitário, mas cada um, na sua maneira, conseguiu vencer os desafios diários. Acho que um dos maiores desafios foi sair de casa e enfrentar quase tudo sozinho.
Portanto, formandos, necessitamos pautar nossas ações na ética, nos valores e princípios. Temos o intuito de redesenhar o perfil de novos profissionais com ampla competência técnica-instrumental, política, gerencial e democrática. Que possamos fazer a diferença. E nós, mulheres, precisamos ocupar esses espaços de decisão e fazer parte da mudança.
Por fim, quero desejar a todos e a todas um caminhar de muita sabedoria, resiliência e fé! Que os sonhos de cada um de nós sejam concretizados e vividos intensamente. E lembrem-se: Existe tempo para cada coisa acontecer, então, não se desespere! Priorize sua saúde mental e seja feliz. Sucesso para todos!”
O homenageado
O professor Daniel Duarte Pereira, iniciou seu discurso fazendo um histórico da criação do CDSA: “Muitos projetos foram desenvolvidos nessa região em que hoje estamos, todos vistos com alguma desconfiança pela população. Porque não dizer de uma Universidade em pleno Cariri paraibano, segundo maior polo seco do Brasil, onde a diagonal seca se mostra com maior intensidade? Não é de hoje que muitos projetos para a região do Cariri já haviam sido tentados, mas nenhum destes pareciam perceber que seria pela educação que o Semiárido ou parte dele, poderia sofrer uma verdadeira revolução. Uma educação mais identificada com o dia a dia da população do semiárido”.
“Não foi de forma tradicional, que um projeto realizado pela UFCG (Projeto Universidade Camponesa) em parceria com o CIRAD (Entidade francesa) e outras instituições como a Prefeitura Municipal de Sumé e Escola Agrotécnica de Sumé, além de movimentos sociais e diversas associações, aportou na cidade de Sumé. E porque Sumé? O destino assim decidiu. Esse projeto que deveria existir por apenas seis meses e no máximo um ano, se reproduziu por mais de dois anos, formando diversos jovens caririzeiros para o seu empoderamento”, disse.
“Esse projeto foi o embrião do que hoje é o Campus de Sumé, o Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido”. Daniel Duarte destacou a sua participação no projeto e no processo de criação do CDSA. “Criado o Campus, área doada para a instalação, muitos afazeres. Que cursos? Que disciplinas? Que ementas? Que professores? Sonho realizado, outros sonhos a realizar, um deles, a busca por professores com perfil, identidade, com origem no Semiárido. Foram conseguidas várias redistribuições, várias alocações de outros concursos realizados para a composição dos quadros iniciais do CDSA, depois novos concursos foram realizados, trazendo mais estudiosos. A cidade de Sumé sentiu: novas construções, aluguéis, consumo, melhor prestação de serviços etc”.
“Dezenas de profissionais como vocês concluintes, aqui já se formaram, já se incorporaram ao mercado de trabalho, em especializações, mestrados e doutorados. O CDSA, portanto, faz e ensina. Muitos já passaram acordaram estudantes e dormiram formados como vocês hoje. O que fazer amanhã? Saibam que o Semiárido hoje é uma região que ultrapassa mais de um milhão de quilômetros quadrados, formado por mais de 1500 municípios, parte de 10 Estados, de duas regiões geográficas, dos biomas, Caatinga, Mata Atlântica e Cerrado, com mais de 23 milhões de habitantes e detentor de uma grande quantidade de agricultores familiares e ainda que não é um, e sim vários semiáridos, com várias faces. Cada um de vocês, se foram bons estudantes, serão bons profissionais e encontrarão um campo preparado para o lançamento da semente de seus conhecimentos”.
“Amanhã vocês amanhecerão maiores e mais maduros, mais audazes, mais confiantes, mais esperançosos. Escalarão um degrau já sem o auxílio dos mestres, das disciplinas e dos colegas. Sentirão saudades das aulas práticas, dos sorrisos, das lágrimas, dos amores, mas será uma saudade boa e poderão voltar ao CDSA como professores ou servidores e uma certeza que terão todas as condições profissionais éticas e de caráter para transformarem o Semiárido e outras regiões do País em espaços de bem vivência”.
“Não sabem os mentores desse convite, para ser paraninfo nesta solenidade, quanta alegria me trouxeram. poderia ter sido distribuído para este Centro e ter conhecido cada um de vocês formandos e ter servido à minha terra e ao Semiárido. Só tenho a agradecer por estar aqui de alma renovada, de estar profetizando em minha terra, de não ser telhado, mas sim alicerce desse processo”, finalizou.
O pró-reitor de Ensino
“A UFCG realiza essa cerimônia para agradecer a sociedade pela confiança que foi depositada na gente para formar aquilo que é o bem mais precioso de todas as famílias que são os seus filhos”, iniciou sua fala o pró-reitor de Ensino Alarcon Agra, saudando os formandos e suas famílias.
Prosseguindo: “Todos nós somos responsáveis por lutar para que esta universidade como qualquer outra pública e em particular esta aqui, não apenas sobreviva, mas cresça, porque nós não existimos aqui porque exercemos um papel extremamente importante para a sociedade. Não somos nós que dizemos isto, são vocês que acreditaram na gente, que colocaram seus filhos nessa instituição. Qualquer coisa que possamos fazer em ações, em palavras para proteger esta universidade, na verdade não estamos protegendo nada de ninguém a não ser a sociedade que nos paga e que deseja que a gente recepcione cada vez mais pessoas e que forme cada vez mais profissionais”.
A luta pela universidade pública brasileira não é a luta por nós que estamos nela como servidores, mas uma luta pelo País, pela sociedade brasileira e notadamente pelas pessoas que ao longo de toda nossa história foram objeto de uma violenta exclusão social, cultural e econômica. A ampliação e a manutenção de uma instituição como essa deveria ser e na minha esperança deve ser um ponto de honra para todas as pessoas que acham que estão aqui na vida não para brincar simplesmente, mas para fazer a diferença, para contribuir com um mundo melhor e não contribuímos com um mundo melhor somente esperando que um mundo melhor se faça para além das nossas ações. Ele só vai existir se botarmos a mão na massa, se construirmos.
Falando para os formandos particularmente, enfatizou: “Já estive na condição de vocês, porque sou egresso também desta instituição, então digo, caros concluintes, aproveitem ao máximo esse momento que estão vivendo, pois amanhã vocês estarão transformados. O desejo da administração da UFCG é que essa transformação seja sentida por vocês como uma coisa boa, satisfatória, estimulante e como diz um historiador, vocês não vejam os eventuais obstáculos ou desafios que aparecerão à frente como impedimentos, mas como provocações para a criatividade, aquilo que aparece no dia a dia da gente – insegurança frente ao emprego, frente a que carreira seguir, se vai para o mercado de trabalho, se vai para a pós-graduação, as dúvidas de como exercer a profissão, os percalços que enfrentarão… O meu desejo é que vocês olhem para cada coisinha dessa e digam assim: não há problema maior do que a minha capacidade de enfrentá-lo e contorná-lo, superá-lo e fazer dele um estímulo para que eu seja melhor ainda mais. O que importa é a cada dia deitar mais sábio, mais feliz, mais realizado do que acordou e se isso não acontecer um dia ou outro o mundo também não vai se acabar pois amanhã nasce outro dia”, concluiu.
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Com Ascom/ Rosenato Barreto