Machismo é barreira para a prevenção ao câncer de próstata

O Novembro Azul, uma campanha de conscientização realizada por diversas entidades e dirigida à sociedade e, em especial, aos homens, precisa ser visualizado não apenas como um mês que luta contra o câncer de próstata, mas como um momento de discussões e atenção a outras tantas causas de doenças e condições masculinas. A observação é da professora da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Jocelly de Araújo Ferreira, especialista em Saúde Pública e Terapia Intensiva e pesquisadora em Gênero e Saúde Masculina, Necessidades de Saúde e Atenção Domiciliar.

Ela afirma, em uma análise mais acurada, que é preciso enxergar nessa campanha a oportunidade de cuidar dos homens e de estimular que eles se cuidem. “Precisamos reconhecer e entender sobre diversos determinantes que levam a população masculina a óbitos e a quadros de cronicidade, de incapacidades físicas e mentais, associados a uma ideologia de vida que eles adotam como certa”, examina. Jocelly Ferreira considera que a busca pelos serviços de saúde por esse grupo populacional apresenta muitas barreiras, e ter uma visibilidade em massa em relação a isso, significa um préstimo e atenção para os homens, ou seja, uma preocupação a mais dos governantes, profissionais e dos demais cidadãos para com eles.

“Isso desenvolve no eu masculino a aproximação com o cuidado, com o zelo, o que se torna crucial para que os homens reconheçam que os serviços de saúde também estão prontos para assisti-los”, analisa. Em sua avaliação, Jocelly verifica que, na atualidade e na maioria dos casos, os homens em idade fértil, quando não mortos, estão presos, limitados a um leito, devido ao desvelo com que gerenciam a sua vida. Os idosos vivendo mais, mas muitas vezes sem qualidade.

Os adolescentes envolvidos com drogas e violência, por vezes não conseguem ao menos chegar na idade adulta. Ela explica que, de uma maneira geral, é muito baixa a procura dos homens pelos serviços de saúde que prezam pela prevenção de doenças e promoção à saúde, em contramão ao que acontece quando se trata dos serviços de saúde de atenção secundária e terciária, compreendido pelos pronto-atendimentos hospitalares de urgência e emergência. “Este fato está atrelado aos padrões de masculinidade hegemônica, que confere aos homens características rígidas, no que diz respeito a eles se sentirem invulneráveis, fortes, dominadores, entre outros predicativos, que na nossa cultura resumimos no vocábulo machista”, observa.

Fonte: PBAgora