Serra Branca pela Educação

 

Por Cristina França

O mês de janeiro, mês de férias por excelência, deveria ser a cada ano um tempo de festa. A festa das férias, do descanso, do repouso e da expectativa que prepara a volta às aulas.
Um janeiro de alegria e esperanças: estudantes de toda e qualquer idade, de quaisquer origens, condição econômica, social, de gênero, de diferentes crenças e culturas, todas e todos pela educação.
Mês de mães, pais e avós de estudantes, tias e tios, madrinhas e padrinhos, parentes próximos e distantes, amigos e amigas, vizinhos, todos mobilizados pela Educação.

As escolas escancaradas, de braços abertos e mãos estendidas para acolher as diversas infâncias e as distintas juventudes, abraçar as mulheres e os homens adultos que fazem as matrículas…

Matrículas de todas as idades, não só das crianças e adolescentes, mas também suas próprias matrículas, de pessoas adultas que voltem à escola para estudar e recuperar o tempo.
A matrícula é responsabilidade da escola, da professora, do profissional da educação e da dirigente escolar, mas deveria ser um imperativo também para o empreendedor, o líder religioso, o agricultor.

Por que janeiro não pode ser de uma atmosfera estudantil como dezembro é de um espírito natalino? Por que janeiro não envolve e não motiva cada cidadã e cada cidadão, cada contribuinte pela educação?
Por que sempre exaltamos a educação, mas nem sempre damos testemunho de compromisso com a educação e a escola e os estudantes? Por que sempre apontamos o dedo indicador para os outros?

Pés no chão: Serra Branca ainda tem cerca de um terço dos seus jovens ou fora da escola ou retardatários quanto à série em que estão matriculados. Gente que deveria estar no ensino médio.
Pelo menos 300 jovens serra-branquenses, com idades entre 15 e 17 anos, na faixa etária considerada a ideal para estudar o ensino médio, mas que estão fora da sala de aula.

Esse número é uma projeção da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio feita pelo IBGE no Brasil e indica que 1/3 dos jovens está fora da escola de ensino médio. É muita gente sem estudar.

Essa grande ausência de jovens nas escolas de ensino médio não é por falta de vagas. Há vagas sobrando. Por exemplo, só na Escola Estadual Senador José Gaudêncio há 300 vagas ociosas só no turno da tarde.

Convêm ressaltar que há muitas vagas disponíveis também na Escola Técnica Integral Inácio Antonino e vagas no ensino médio regular na Escola Maria Balbina em Santa Luzia do Cariri.
Sem falarmos da grande quantidade de vagas na EJA, principalmente para adultos, nas escolas estaduais em nosso município. E até aqui só falamos do ensino médio.

Mas, é bom lembrar de toda uma rede municipal de escolas públicas na zona urbana e na zona rural do município para o ensino fundamental, com vagas abertas para nove anos de estudos.
Sem esquecermos que nas escolas estaduais Maria Balbina e Vasconcelos Brandão, há uma grande disponibilidade de vagas para o ensino fundamental II.

Há vagas. Há professoras e professores. Há em cada escola um quadro de auxiliares. Tem livros para todos e todas. Tem merenda escolar. Tem transporte circulando o município em todos os sentidos.

As escolas hoje têm quase todas as condições que não tinham há trinta ou quarenta anos. E, se tem problemas, como em todos os lugares do mundo, precisam ser encarados e resolvidos.
Mas, na Educação, nenhum problema é mais grave do que estudantes fora da escola. Nada entrava mais a escola do que a ausência dos estudantes. – Sem estudantes não há escola.

A rede escolar tem que fazer a sua parte e dar o melhor de si para acolher estudantes de qualquer faixa etária e contribuir para que permaneçam e avancem nos estudos.

O mais importante, porém, o ato decisivo, o primeiro passo é a decisão de procurar a escola para fazer a matrícula. Acreditar nas pessoas. Acreditar na Educação. Serra Branca educada, Serra Branca educadora.